quarta-feira, 15 de maio de 2013

Eu Receberia As Piores Notícias Dos Seus Lindos Lábios, de Beto Brant e Renato Ciasca.

Christo em Paris, de Albert Maysles, David Maysles, Deborah Dickson e Susan Frömke, 1990.






Ah, documentário gostoso de se ver!

Nele somos apresentados a Christo e sua esposa Jeanne-Claude. Trata-se de um casal de artistas que se interessam em embrulhar objetos com pano. Seu projeto atual é envolver a Pont Neuf com um tecido, reinventando-a, fazendo dela seu próprio objeto de arte.

A saga do casal para ver seus planos concretizados durará 10 anos. Acompanhamos essa batalha junto a políticos e população que se mostram todos desinteressados do projeto. Concluído, vemos sem nenhuma dúvida o quando a arte de Christo e Jeanne-Claude influencia a vida das pessoas que interagem com ela. Realmente tocante.

O que me animou nesse curto documentário é que não se trata de mais um painel de um artista. É quase como um filme de amor. Christo e Jeanne formam um casal tão bonito, tão apaixonado, tão funcional. Torcemos pra eles o tempo todo, porque o que temos ali é sincero, verdadeiro.

Algo, diga-se de passagem, difícil de encontrar.

Vale a pensa dar uma conhecida do site do casal, que desde 1994 usa oficialmente seus dois nomes juntos, com direitos iguais para suas obras. http://www.christojeanneclaude.net/

O Vigilante, de Ozualdo Candeias, 1992.










Filme feito na raça, no muque. Precário, porém muito bem acabado e com uma boa história: um violeiro sai do campo onde só vemos cortadores de cana e vai pra cidade grande. Direto pra favela, claro. Há boas pessoas lá, mas logo ele se deparará com os bandidos do lugar.

O violeiro consegue emprego numa empresa de vigilância, e o filme todo tende ao inevitável conflito com o chefe dos bandidos, um sujeito que me pareceu um proto Zé Pequeno, já que estupra e esculacha geral, e está sempre rindo de forma debochada.

Achei difícil conter minha ansiedade e nervosismo. Pq raios o sujeito não mata logo todos aqueles bandidos folgados? Acho que o que o Candeias quer aqui é algo um pouco mais sério que um filme de ação americano. No Brasil, na favela, não dá pra ser Van Damme ou Steven Seagal. E isso é exemplificado de forma brilhante na última sequência deste filme: a violência te persegue, não tem fim, é implacável.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Doramundo, de João Batista de Andrade, 1978.







Doramundo ganhou o grande prêmio do festival de Gramado em 1978.
Me parece merecido.

O filme se passa em 1939, numa cidadezinha do interior de São Paulo onde só moram trabalhadores ferroviários. Tudo gira em torno do trem. Do trem e da neblina, onipresente.

Logo no início ouvimos uma a voz em off do Rolando Boldrin (em excelente atuação) dizendo como a cidade é boa e sossegada. Contudo, um assassino começa a matar operários. Uma espécie de serial killer. Uma pena que o diretor não se atenha em mostrar as mortes, pois seria algo único e precioso para a cinematografia nacional.

Enfim, os ingleses, donos da ferrovia, enviam policiais para dar um jeito na situação. Claro que as coisas serão "resolvidas" na base da tortura, o que leva a pequena população a se unir contra os abusos da autoridade.

O filme tem um bom clima, e momentos inegavelmente brilhantes. Mas o andamento me pareceu apressado, muito corrido. Há conflitos que surgem e desaparecem rápido demais, dando a impressão de que o filme foi tesourado. Uns 15 minutos a mais fariam muito bem ao filme, que poderia ser uma obra prima, mas se contenta em ser bom.

Cabaret Mineiro, de Carlos Alberto Prates Correia, 1980





Minha curiosidade por esse filme foi atiçada pelo vídeo que vi no youtube, esse que coloco a seguir:


Naturalmente imaginei que se tratasse de mais uma pérola da nossa comédia erótica dos anos oitenta. Qual não foi minha surpresa ao ver que o filme tinha sido inspirado num conto do Guimarães Rosa (Sorôco, sua mãe, sua filha) e que tinha ganhado 7 Kikitos no festival de Gramado em 1981. Definitivamente não era mais uma comédia escapista. Longe disso.

Trata-se de um filme experimental, mas bem mais acessível que os filmes que o Bressane e o Sganzerla faziam na Belair. Aqui alegoria, delírio e realidade (?) se misturam em sequências que num primeiro momento tem pouca ou nenhuma conexão. Isoladamente formam peças fabulosas, sempre com cores fortes e marcantes, e música abundantes. Não seria nenhum exagero classificar o filme como um musical, já que os personagens cantam o tempo todo.

Como eu acho que não entendi direito a história, copio aqui uma sinopse:
"Durante viagem de trem pelo norte de Minas, Paixão, elegante aventureiro, se apaixona por Salinas. Os dois se amam na cabine-leito. De manhã, ao acordar ele verifica que não existe ninguém na cabine. Em Montes Claros, durante o pôquer, Thomas, um americano, apresenta um novo jogo. Paixão inventa, então, o cri-cri, a seu ver, superior ao do americano. Já numa cidade vizinha, Paixão, embriagado, sonha com Salinas. Ele dorme na areia do rio onde encontra Evangelina, uma adolescente que faz yoga nua. De volta a Montes Claros, Paixão se apaixona por Avana, dançarina espanhola dona de um cabaré. Os dois vão morar em Grão Mogol, numa paradisíaca casa de campo."

Assisti no youtube mesmo.